A Polícia Federal deflagrou na última terça-feira (18) a Operação Compliance Zero, que apura supostas irregularidades financeiras entre o Banco Master e a Tirreno Consultoria. Segundo as investigações, o banco, em situação de insolvência, teria adquirido créditos de terceiros para repassá-los a parceiros comerciais sem coobrigação, em uma prática que violaria limites legais e resultou em prejuízos bilionários.

A Tirreno Consultoria foi registrada originalmente como SX 016 Empreendimentos e Participações em 4 de novembro de 2024. Pouco antes de fechar contrato com o Master, a empresa alterou seu nome, atividade econômica e capital social, que passou a R$ 30 milhões, em 2 de dezembro de 2024. Três dias depois, em 5 de dezembro, a consultoria assinou o acordo com o banco para a venda de carteiras de créditos.

Durante a alteração societária, foi incluído como diretor André Felipe de Oliveira Seixas Maia, ex-funcionário do Master e também alvo da investigação. O Ministério Público Federal (MPF) aponta ainda que o contrato inicial e um dos instrumentos de cessão não foram autenticados em cartório, enquanto os demais só receberam autenticação em maio de 2025, levantando suspeitas de falsificação de documentos para atender solicitações internas do banco.

As apurações indicam que o Master emitiu cerca de R$ 50 bilhões em CDBs e CDIs, mas R$ 12 bilhões não tinham lastro, já que os ativos eram majoritariamente de baixa liquidez. Segundo os investigadores, o banco buscou associar-se de forma ilícita a uma sociedade de crédito direto, inflando artificialmente seu patrimônio por meio da aquisição de carteiras de créditos inexistentes e posterior revenda ao BRB.

A operação visa identificar os responsáveis e apurar possíveis crimes financeiros, incluindo gestão temerária, fraude contra credores e falsificação de documentos. Até o momento, não há informações sobre prisões ou medidas cautelares.