Um dos pontos mais emblemáticos da capital federal ganhou, neste fim de semana, uma nova ocupação com propósito social. A Feira da Torre de TV, endereço tradicional de cultura popular e turismo em Brasília, agora abriga a Loja Colaborativa Cerrado Feminino, espaço voltado à valorização do empreendedorismo de mulheres artesãs e manualistas em situação de vulnerabilidade.
Inaugurada no sábado (14), a loja funcionará aos fins de semana, das 9h às 17h, nos boxes 95 e 96 do Bloco C. A iniciativa resulta de uma parceria entre a Secretaria da Mulher do DF (SMDF), o Instituto BRB e o Sebrae-DF. A proposta é simples, mas estratégica: abrir vitrine e mercado para mulheres que, apesar do talento, enfrentam dificuldades de acesso a canais de venda e geração de renda.
Na primeira fase do projeto, 80 empreendedoras foram selecionadas por meio de chamamento público da SMDF, com curadoria do Sebrae. A cada três meses, 20 delas se revezarão no atendimento direto ao público, apresentando produtos autorais que vão de bordados delicados a peças em cerâmica, passando por roupas, quadros decorativos e arte em macramê.
Mais do que uma loja, o Cerrado Feminino se propõe a ser uma plataforma de fortalecimento. Ao criar uma rede entre artesãs, estimular o escoamento de produtos e permitir trocas de experiência com o público, o espaço amplia o alcance econômico e simbólico dessas mulheres, muitas das quais usam o artesanato como principal fonte de renda ou ferramenta de superação de contextos adversos.
A curadoria dos produtos foi pensada para unir diversidade e qualidade estética, com foco na originalidade e no fortalecimento das identidades culturais do Cerrado. Segundo o Sebrae-DF, o objetivo é oferecer não apenas um espaço de vendas, mas também visibilidade, estímulo à profissionalização e maior autonomia para as expositoras.
A escolha da Feira da Torre como sede do projeto não é aleatória. Localizada no coração de Brasília, entre o Eixo Monumental e a Rodoviária do Plano Piloto, a feira é uma síntese viva da diversidade cultural da cidade — onde o artesanato, a gastronomia e a arte de rua convivem com o fluxo turístico e o olhar curioso dos moradores.
Com a loja colaborativa, o espaço se reinventa mais uma vez, agora como território de afirmação feminina. Para além do comércio, o Cerrado Feminino carrega consigo o sentido de pertencimento e resistência — como um bordado feito à mão, ponto por ponto.