Com a chegada do Carnaval, blocos de rua, festas e muita animação tomam conta do Distrito Federal. No entanto, a folia também exige atenção redobrada com a saúde.
De infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) a doenças transmitidas por contato direto ou ingestão de alimentos contaminados, o período festivo pode trazer riscos caso os foliões não adotem medidas preventivas.
Prevenção contra ISTs: preservativo sempre!
O infectologista Marcos Davi Gomes, do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), alerta que as ISTs lideram o ranking de doenças mais transmitidas no Carnaval. O aumento da socialização e das relações sexuais desprotegidas favorece a disseminação de sífilis, gonorreia, clamídia, herpes genital, HPV e até mesmo HIV.
“A melhor forma de se proteger é usando preservativo em todas as relações sexuais. Além disso, quem tem maior risco de exposição ao HIV pode considerar o uso da profilaxia pré-exposição (PrEP) e, em caso de contato de risco, buscar a profilaxia pós-exposição (PEP), disponível no SUS até 72 horas após a exposição”, explica o especialista.
Os números reforçam a necessidade de prevenção. Entre 2019 e 2023, o Distrito Federal registrou 12.639 casos de sífilis adquirida, 4.966 casos de sífilis em gestantes e 1.604 casos de sífilis congênita, segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). A sífilis adquirida teve um aumento alarmante de 77,5% para 123,5% em 2023.
Doenças transmitidas pelo contato próximo
Além das ISTs, a aglomeração nos blocos e festas favorece a disseminação de doenças virais como gripe, Covid-19 e mononucleose, conhecida como “doença do beijo”. O herpes labial também pode ser transmitido pelo contato direto, especialmente entre aqueles que já carregam o vírus e apresentam reativações durante períodos de estresse ou baixa imunidade.
O infectologista recomenda evitar o compartilhamento de copos e garrafas, além de manter a higiene das mãos com álcool em gel. “O ideal é evitar beijar muitas pessoas em sequência, pois isso aumenta o risco de transmissão de vírus como gripe e herpes labial”, aconselha.
Alimentação e riscos gastrointestinais
Outro ponto de atenção no Carnaval é a ingestão de alimentos e bebidas de procedência duvidosa. O consumo de produtos mal conservados pode levar a intoxicações alimentares e hepatites A e E, causadas por vírus transmitidos através da ingestão de água ou comida contaminada.
“Náusea, vômito, diarreia e dor abdominal podem ser sinais de intoxicação alimentar. Para evitar problemas, é fundamental optar por locais confiáveis para se alimentar, além de manter uma boa hidratação”, ressalta o médico.
Dengue e outras arboviroses: cuidado com os mosquitos
No Distrito Federal, onde os casos de dengue costumam aumentar nesta época do ano, os foliões também devem se proteger contra a picada do Aedes aegypti, transmissor da doença. O uso de repelentes e roupas que cubram a maior parte do corpo ajudam a reduzir o risco de infecção por dengue, chikungunya e zika vírus.
Quando procurar atendimento médico?
Alguns sintomas exigem atenção imediata. Se houver febre persistente, dificuldade para respirar, dor intensa, sinais de desidratação ou sintomas suspeitos de ISTs, é fundamental buscar uma unidade de saúde. O SUS disponibiliza exames gratuitos para diagnóstico e tratamento de diversas infecções.
A melhor forma de curtir o Carnaval sem preocupações é prevenindo-se. Com medidas simples, os foliões podem aproveitar os dias de festa com segurança e bem-estar.
Afinal, nada melhor do que relembrar a folia com boas histórias – e não com arrependimentos.
*Com informações do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF)