Após um início de 2024 marcado por uma explosão de casos de dengue, o Distrito Federal começa a respirar aliviado. De acordo com o boletim epidemiológico mais recente divulgado pela Secretaria de Saúde (SES-DF), o número de casos prováveis da doença caiu expressivos 97% em relação ao mesmo período do ano passado.
Entre janeiro e 29 de março deste ano, foram registrados cerca de 6,1 mil casos prováveis de dengue na capital federal — um número bem distante dos quase 220 mil registros que assombraram o DF em 2024. Um recuo significativo que, embora traga alívio, não permite descuido.
Por trás da queda está uma combinação de fatores, entre eles, o trabalho incansável dos Agentes de Vigilância Ambiental em Saúde (Avas), que continuam percorrendo as quadras, becos e vielas do Distrito Federal em busca de criadouros do mosquito Aedes aegypti. Reconhecê-los é fácil: colete e chapéu marrom-cáqui, camiseta branca e a inseparável bolsa amarela onde carregam os instrumentos de trabalho.
Mesmo com o avanço no controle da dengue, outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypti ainda preocupam. A capital registrou 129 casos suspeitos de chikungunya até o fim de março, sendo 105 considerados prováveis. Desses, a ampla maioria — 93,3% — são moradores do Distrito Federal. 59 casos já foram confirmados laboratorialmente; os demais seguem sob investigação.
A chikungunya é uma infecção viral com alto potencial de incapacitação. “É uma doença que, em alguns casos, deixa sequelas dolorosas por meses, especialmente nas articulações. Por isso, a prevenção é ainda mais importante”, alerta a médica infectologista Silvana Rocha, que atua em hospitais da rede pública do DF.
E é justamente na prevenção que mora o maior desafio. O Aedes aegypti é um inimigo silencioso, que se multiplica facilmente em ambientes domésticos — basta um pouco de água parada em vasos, calhas ou garrafas esquecidas no quintal. Por isso, além da atuação dos agentes, é essencial que cada cidadão faça sua parte. “Se não houver o envolvimento da população, o mosquito sempre encontrará um jeito de voltar”, completa Silvana.
Apesar dos bons números, o governo mantém atenção redobrada e pede que a população continue colaborando com as ações de combate. Afinal, o vírus da dengue, da zika, da febre amarela urbana e da chikungunya seguem circulando. E a única forma eficaz de barrar esse ciclo é evitar que o mosquito encontre espaço para se reproduzir.
A queda expressiva nos casos é motivo para comemorar, mas também um lembrete de que a vigilância não pode parar. O combate ao Aedes aegypti é uma missão coletiva — e a vitória, quando vem, é de todos.