O 38º Seminário Nacional da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) começou nesta terça-feira (12), em Brasília, reunindo autoridades, empresários e especialistas para discutir caminhos rumo a um transporte coletivo mais sustentável.
O encontro aborda temas como financiamento, custeio e governança do setor, num momento em que várias capitais enfrentam queda no número de passageiros e desequilíbrio financeiro nos sistemas.
A abertura foi marcada pelo consenso de que a recuperação do transporte público exige ação coordenada entre União, estados, municípios e iniciativa privada.
Entre as propostas em pauta, estão a separação tarifária com parte dos custos bancados por subsídios e mecanismos que garantam tarifas mais baixas e qualidade no serviço.
Experiência brasiliense
A vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP), apresentou a experiência local como exemplo de inovação. Ela destacou o programa Vai de Graça, criado em março, que concede gratuidade nas passagens aos domingos e feriados. A medida registra, em média, 460 mil embarques a cada domingo.
Para Celina, os efeitos vão além da mobilidade: “Não podemos falar em transporte público sem falar em infraestrutura e logística. Essas ações geram melhorias em toda a cadeia econômica, impulsionando vendas e empregos na cidade”, afirmou. Ela frisou que o resultado é fruto de planejamento e investimento contínuo.
Financiamento em debate
O secretário de Transporte e Mobilidade do DF, Zeno Gonçalves, alertou para a falta de uma regulamentação nacional que assegure fontes estáveis de financiamento. Segundo ele, 75% dos custos do transporte público brasiliense são cobertos pelo orçamento geral, sem um fundo específico diferentemente de áreas como saúde e educação.
“Transporte é um tema transversal, que impacta diretamente a qualidade de vida e o desenvolvimento. Precisamos envolver Congresso, sociedade, entidades e associações de usuários para garantir fontes estáveis de custeio”, disse.
O presidente do Conselho Nacional de Secretários de Transporte e Mobilidade (Consetrans) e secretário de Transporte do Espírito Santo, Fábio Damasceno, manifestou preocupação com a dependência excessiva de subsídios e defendeu investimentos permanentes, independentemente de mudanças políticas.
“Quando o transporte público passar a ser visto como investimento e não gasto, teremos um sistema muito melhor”, disse Damasceno, reforçando que previsibilidade é essencial para que empresas planejem e invistam no longo prazo.