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“Elas por Ele”: Movimento de Representatividade Feminina ou Manobra Política?

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O movimento “Elas por Ele”, liderado pela coligação do candidato Marcus Vinícius (MDB), o Ciquentinha, à sucessão do prefeito Pábio Mossoró, em Valparaíso de Goiás, surge com a proposta de fomentar a participação feminina na política.

A iniciativa, teoricamente voltada para ampliar o espaço das mulheres no cenário político local, tem gerado questionamentos sobre suas reais intenções. Seria realmente um esforço genuíno para promover a representatividade feminina, ou apenas uma estratégia para angariar apoio eleitoral para um candidato masculino?

Em fala pública de uma das participantes  do movimento, enfatizou que o objetivo é inserir mais mulheres no debate político e social do município. Ela destacou que, embora a presença feminina na política tenha crescido nos últimos anos, ainda é insuficiente.

Os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) corroboram essa percepção: entre 2014 e 2020, o número de candidaturas femininas cresceu de 8 mil para mais de 187 mil. No entanto, o aumento nas candidaturas não se refletiu no número de mulheres eleitas, que permaneceu praticamente estagnado. Em 2012, 665 candidatas foram eleitas, número que caiu para 641 em 2016 e subiu ligeiramente para 677 em 2020.

Apesar dos avanços, a representatividade feminina na política ainda enfrenta muitos desafios. Nesse contexto, o movimento “Elas por Ele” parece destoar do que prega. A própria nomenclatura do movimento já indica uma possível intenção de captar votos femininos para um candidato masculino, reforçando um papel que muitas mulheres lutam para romper: o de estar à margem de um ambiente político majoritariamente masculino. Se a intenção real é incentivar a participação feminina, por que não apoiar diretamente candidaturas femininas para a prefeitura do município?

Durante a caminhada do movimento no dia 24 de agosto pelas ruas de Céu Azul,o candidato  Marcus Vinícius, conhecido como cinquentinha , enfatizou que “o movimento ‘Elas por Ele’ não é só um movimento de mulheres por um candidato, é um movimento pelo município.” Ele destacou a importância da presença feminina para uma gestão eficiente e produtiva. No entanto, essa fala, acompanhada pela presença predominante de figuras masculinas da política local, levanta dúvidas sobre o verdadeiro protagonismo feminino nesse cenário.

A dúvida que não quer calar : o movimento “Elas por Ele” realmente busca destacar o protagonismo feminino na política de Valparaíso? Ou será apenas uma manobra para consolidar o apoio feminino em torno de uma candidatura masculina, ignorando a existência de mulheres qualificadas na disputa?

A participação feminina na política não deve ser apenas um slogan ou uma ferramenta eleitoral. Mulheres precisam ocupar espaços de destaque de forma autônoma e legítima, e a política de Valparaíso de Goiás, assim como em todo o país, necessita avançar nesse sentido. Movimentos como o “Elas por Ele” precisam ser avaliados com um olhar crítico, questionando se realmente promovem a inclusão ou se apenas reforçam a manutenção do status quo.

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