O tratamento de Edilson Alves, 67 anos, não se resume apenas aos cuidados médicos. Internado no Hospital Regional de Samambaia (HRSam) após uma infecção urinária que afetou rins e bexiga, ele percebeu que o prato servido todos os dias é tão importante quanto a medicação.
“Hoje, no almoço, teve arroz, feijão, cenoura e carne. Tudo muito fresco”, conta. “Eu tenho diabetes, então preciso cuidar do que como. Aqui, eles já pensam nisso. O sabor é bom e as refeições vêm sempre quentinhas. Até os sucos variam: já tomei de tamarindo, uva e caju. A comida ajuda no tratamento; o médico explicou que é quase um remédio natural.”
Edilson faz parte dos mais de 3 mil pacientes atendidos mensalmente no HRSam, que recebem seis refeições por dia: desjejum, colação, almoço, merenda, jantar e ceia.
Ao todo, 1.218 refeições são preparadas diariamente. Dessas, 954 são destinadas a pacientes, acompanhantes e servidores, enquanto outra parte segue para os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) de Samambaia e do Recanto das Emas. Há ainda 306 lanches direcionados a setores fechados dentro do hospital.
Cozinha reformada para mais segurança
Nada chega ao prato sem planejamento. A nutricionista da Secretaria de Saúde, Rodeluzzi de Andrade, explica que há um controle rigoroso desde a prescrição da dieta até o momento em que o alimento é entregue ao paciente.
“Cada pessoa internada tem uma condição específica, e a alimentação precisa refletir isso. Nosso trabalho é garantir que a refeição seja segura, equilibrada e adequada ao quadro clínico”, afirma.
Em outubro de 2023, a unidade passou por uma reforma importante na área de alimentação. O antigo refeitório foi transferido para o térreo, abrindo espaço para reorganizar a cozinha e distribuir melhor os setores internos.
“Agora temos áreas separadas para saladas, panificação, dietas especiais e a cozinha geral”, explica. “Essa divisão melhora o fluxo de preparo e reduz o risco de contaminação, o que é essencial, porque muitos pacientes chegam com a imunidade fragilizada.”
“Eu estou me alimentando para voltar a andar”
A alimentação também é peça-chave na recuperação de Raimunda Soares, internada há mais de um mês após complicações por pedras na vesícula. Ela ainda se fortalece dia após dia. “Tem dia que é peixe, outro frango, outro carne com molho. Sempre vem salada e uma sobremesa leve”, conta. “Eu estou comendo para levantar dessa cama.”
A irmã dela, Francisca Pereira, que acompanha todo o processo, confirma a melhora.“No começo, ela estava muito fraca. Agora reconhece todo mundo, conversa e come sozinha. A recuperação dela também passou pela comida. Fez diferença.”
Outras unidades também avançam
Desde 2019, diversos hospitais da rede pública passaram por reformas semelhantes em suas cozinhas. Unidades como o Hospital do Guará, o de Ceilândia, o do Paranoá e o de Sobradinho já concluíram suas melhorias, aumentando a capacidade e reforçando a segurança no preparo dos alimentos.
O Hospital Regional de Taguatinga está com obras em andamento para ampliar sua produção de refeições. Já no Hospital Regional de Santa Maria, um investimento de R$ 8,2 milhões está reestruturando toda a cozinha. A unidade responde por cerca de 5,2 mil refeições por dia, que abastecem também seis UPAs e o Hospital Cidade do Sol.
Em 2023, o Hospital de Base também passou por modernização na área de alimentação, com investimento de R$ 675 mil, o que afetou diretamente a qualidade dos 6 mil pratos servidos diariamente.




