Por Patrícia Sandoval
Cada vez mais mulheres estão ingressando no setor de serviços do Distrito Federal. De 2022 a 2023, houve um aumento de 3,8% na presença feminina na atividade econômica, resultando em uma maior participação das mulheres no mercado de trabalho. Nesse período, o número de mulheres empregadas subiu 2,1%. Esses dados fazem parte do informativo Mulheres e Trabalho Remunerado no Distrito Federal, elaborado pelo Instituto de Pesquisa e Estatística (IPEDF) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Esse boletim é divulgado anualmente em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, celebrado toda sexta-feira (8). As informações atualizam o panorama das relações de gênero no mercado de trabalho local, considerando a população feminina com 14 anos ou mais, seja ativa ou não. A análise abrange os índices de desemprego e ocupação, mudanças na estrutura de empregos e os padrões de renda, tanto para homens quanto para mulheres.
“Os dados de 2023 indicam que, aos poucos, algumas barreiras para a entrada das mulheres no mercado de trabalho estão sendo reduzidas”, explica Dea Fioravante, diretora de Estudos de Estatística e Pesquisas Socioeconômicas do IPEDF. “Em um ano em que o desemprego aumentou para a população em geral – de 15,6% em 2022 para 16,2% em 2023 – o desemprego entre as mulheres permaneceu praticamente estável, com aumento de apenas 0,1 ponto percentual. Enquanto isso, entre os homens, houve um crescimento de 1,1 ponto percentual”, acrescenta.
Apesar disso, Fioravante ressalta que, mesmo diante dos avanços, as mulheres ainda enfrentam diversos desafios no mercado de trabalho. “Ao procurar por trabalho, elas aguardam em média dois meses a mais do que os homens. O setor de serviços é o que mais emprega as mulheres, com ênfase no trabalho doméstico. As mulheres ainda ocupam posições hierárquicas mais baixas e menos valorizadas. Trata-se de uma herança cultural complexa, porém, é algo que precisa ser combatido”, destaca Fioravante.
No ano passado, quase quatro em cada cinco mulheres empregadas na cidade capital foram absorvidas pela área de serviços. O setor que registrou a maior presença feminina foi o de “administração pública, defesa e seguridade social; educação, saúde humana e serviços sociais”, ultrapassando um terço da força de trabalho feminina na região.
Outros setores com grande representatividade feminina incluíram hospedagem e alimentação, tecnologia da informação e comunicação, atividades profissionais científicas e técnicas, serviços domésticos e atividades administrativas. Segundo a pesquisa, “as ocupações femininas refletem a divisão de gênero no mercado de trabalho local, especialmente na predominância das mulheres em atividades relacionadas ao cuidado.” O setor doméstico se destaca pela significativa presença feminina, com as mulheres ocupando mais de 94% dos postos de trabalho disponíveis.
Por outro lado, a presença de mulheres na indústria da construção é mínima. Apenas 5,5% das mulheres trabalham na indústria da construção. Tanto na indústria transformadora (36,6%) como no comércio e reparações (42,1%), as taxas de participação das mulheres eram inferiores às dos homens. renda Mais de 60% dos empregos criados para mulheres no ano passado foram para empregos formais, 39,2% no sector público e 21,9% no sector privado com contratos de trabalho formais.
O emprego contribui para o aumento do emprego feminino. Em relação ao salário médio em 2023, mulheres e homens ganham R$ 3.868 e R$ 5.145 respectivamente. O valor aumentou de um ano para o outro, 6,6% para o grupo feminino e 7,4% para o masculino. O aumento dos rendimentos das mulheres é impulsionado principalmente por aumentos salariais nos sectores público e privado, com e sem contratos formais.