Já faz tempo que o Pix se tornou queridinho dos brasileiros — rápido, prático e sem taxas. Mas, com o sucesso, veio também um lado negativo: golpes que esvaziam contas em segundos e deixam rastros de prejuízo e frustração.
Agora, uma boa notícia: a partir de 1º de outubro, vítimas de fraudes com Pix poderão contestar transações direto pelo aplicativo do banco, sem precisar enfrentar atendimentos demorados ou burocracias desgastantes.
A medida foi determinada pelo Banco Central e promete transformar a forma como lidamos com crimes financeiros digitais. O novo sistema de autoatendimento do Mecanismo Especial de Devolução (MED) tornará o processo de contestação mais simples, acessível e — o mais importante — mais ágil.
Sem intermediários e com mais agilidade
A ideia é que, ao identificar uma transação suspeita ou após cair em um golpe, o próprio usuário possa solicitar a devolução de valores de forma totalmente digital. Sem falar com atendente, sem abrir reclamação em call center. Basta acessar o aplicativo do banco, selecionar o Pix em questão (realizado nos últimos 80 dias) e indicar o tipo de fraude sofrida. Tudo com clareza, passo a passo, incluindo prazos e regras.
Se o pedido for aceito, a devolução pode ser feita em até 11 dias. E se o golpista tiver gasto o dinheiro? O banco continuará monitorando a conta por até 90 dias — e poderá fazer devoluções parciais, caso o saldo reapareça.
O que vale (e o que não vale) como fraude?
Esse novo sistema cobre crimes como:
- Golpes em que o usuário foi enganado e fez a transferência acreditando estar ajudando alguém;
- Casos em que terceiros acessaram a conta sem permissão;
- Situações de coação, como transferências forçadas sob ameaça;
- Clonagem de celular ou uso indevido da senha.
Mas atenção: não dá para pedir devolução se o erro foi seu, como digitar a chave Pix errada ou cair em uma cilada comercial. Nesses casos, a negociação é por conta própria.
Além de solicitar a devolução, será possível acompanhar o andamento do pedido, enviar documentos que comprovem a fraude e, se quiser, cancelar a solicitação. O sistema também garante que quem recebeu o Pix seja notificado do bloqueio imediato — com todos os detalhes do motivo, valores e prazos envolvidos.
Se a devolução for negada, o usuário será avisado e orientado a buscar o SAC da instituição financeira. E se houver falha técnica no processo, o banco será obrigado a informar na hora, com uma mensagem clara.
Um passo importante no combate aos crimes digitais
O novo recurso não é apenas uma atualização técnica: é um sinal de que o Banco Central está atento ao que os brasileiros vivem no dia a dia. Golpes por Pix se tornaram frequentes e, até agora, as vítimas muitas vezes se sentiam desamparadas diante da frieza dos sistemas bancários.
Com o novo modelo, o poder volta — ao menos em parte — para as mãos do cliente. A contestação se torna mais acessível, menos traumática e,mais eficaz. É o tipo de mudança que não resolve todos os problemas, mas que faz diferença para quem já teve o prejuízo financeiro.