A dor de quem enfrenta o uso abusivo de álcool e outras drogas vai muito além dos efeitos químicos no corpo. É um sofrimento que atravessa famílias, desorganiza lares e sobrecarrega o sistema de saúde , um drama que não se resolve apenas com receita médica ou internação. Para quem está na linha de frente do atendimento, compreender essa realidade exige algo que nem sempre vem nos livros: escuta, empatia e uma boa dose de humanidade.
Com esse olhar mais atento e comprometido, o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF), por meio da Diretoria de Inovação, Ensino e Pesquisa (DIEP), inicia neste mês de junho uma capacitação voltada a profissionais da saúde sobre o cuidado com pessoas em uso grave e persistente de substâncias psicoativas. A proposta é clara: formar profissionais mais preparados, não apenas do ponto de vista técnico, mas também emocional e ético, para lidar com essa complexa realidade.
“É preciso romper com o preconceito que ainda ronda esse tema nos corredores hospitalares”, alerta a assistente social Beatriz Sousa Liarte, uma das palestrantes da formação. “O uso de substâncias não é uma falha de caráter, não é falta de vontade. É uma questão de saúde pública reconhecida pela OMS. E quando a gente parte desse entendimento, o acolhimento se transforma.”
O curso vai abordar temas fundamentais como escuta ativa, redução de danos, estratégias de comunicação com pessoas em vulnerabilidade e encaminhamentos para unidades especializadas. A ideia é que os profissionais saiam mais conscientes de seu papel como agentes de cuidado — e não de julgamento.
A capacitação contará com quatro encontros presenciais, distribuídos entre o Hospital de Base (HBDF) e o Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), abertos também ao público externo da área da saúde. Confira o cronograma:
-
13/06 – 9h às 11h – Espaço 3 – DIEP no HBDF
-
16/06 – 9h às 11h – Auditório do HRSM
-
18/06 – 9h às 11h – Espaço 3 – DIEP no HBDF
-
24/06 – 9h às 11h – Auditório do HRSM
A expectativa é que, em breve, as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) também sejam incluídas no circuito da formação.Mais do que um curso, a iniciativa é um convite à mudança de perspectiva — essencial para quem deseja fazer a diferença num dos campos mais desafiadores (e necessários) da saúde pública.