Em um pronunciamento marcado por firmeza e sensibilidade, a deputada distrital Jane Klébia (MDB) ocupou a tribuna da Câmara Legislativa do Distrito Federal para denunciar os recentes ataques que vem sofrendo. As agressões, que ela classificou como violência política de gênero, foram interpretadas como tentativas de silenciar sua atuação parlamentar.
Primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na CLDF em mais de três décadas de legislatura, Jane chamou atenção para o significado simbólico e político de sua presença no Parlamento. “Tenho muito orgulho de ser a primeira mulher negra nesta Casa em mais de 30 anos de legislatura. Isso diz muito sobre os espaços que ainda são negados a mulheres como eu e sobre o incômodo que nossa presença provoca”, declarou.
Com voz firme e determinada, a parlamentar reforçou que não se deixará intimidar. Delegada da Polícia Civil, eleita com mais de 19 mil votos em 2022, Jane representa uma ampla parcela da população historicamente invisibilizada: mulheres da periferia, mães solo, jovens que ainda se sentem distantes da política institucional.
“Vocês erraram de alvo. Eu não me escondo. E quem tentar me calar, vai ouvir minha voz ainda mais alta e mais firme”, afirmou, em um dos trechos mais enfáticos do discurso.
Durante sua fala, Jane destacou a importância da Lei nº 14.192/2021, que estabelece diretrizes para prevenir e punir a violência política contra as mulheres, e reiterou seu compromisso em garantir que essa legislação seja cumprida. Para a deputada, mais do que uma defesa pessoal, trata-se da proteção à democracia e ao direito de representação.
Mais do que reagir aos ataques, Jane fez questão de apresentar, em plenário, o trabalho que tem realizado ao longo do mandato. Entre os resultados concretos, destacam-se investimentos em infraestrutura em regiões periféricas do DF, ampliação de recursos para saúde e segurança, além de programas sociais voltados para mulheres em situação de vulnerabilidade. “É com trabalho sério que se combate o preconceito”, afirmou, conectando o enfrentamento político à entrega prática de políticas públicas.
Ao encerrar seu pronunciamento, a deputada reforçou um ponto crucial: a violência política não é uma ameaça dirigida apenas a ela, mas um sintoma mais profundo da fragilidade democrática quando a diversidade é vista como afronta. “A violência política não fere apenas a mim. Ela fere a legitimidade de todos nós”, concluiu.
Em resposta, o presidente da CLDF, deputado Wellington Luiz (MDB), prestou solidariedade em nome da Casa e garantiu que a denúncia será encaminhada à Polícia Civil para a abertura de inquérito e apuração dos fatos.
O episódio evidencia que, mesmo diante de avanços importantes, o caminho rumo à equidade de gênero e raça na política ainda exige coragem, vigilância e compromisso. É nesse cenário que falas como a de Jane Klébia rompem o ruído e trazem à tona uma verdade incômoda — para que algumas mulheres exerçam o direito de falar, é preciso antes conquistar o direito de simplesmente estar.
E Jane está. Em voz alta. Com legitimidade, trabalho e coragem!