Por Ribamar Silva
O 7 de Setembro possui um profundo significado para o povo brasileiro. Desde as primeiras celebrações oficiais, a data se estabelece como um marco da identidade nacional, lembrando não apenas o famoso momento às margens do Ipiranga, mas também os conceitos de soberania, união e orgulho nacional.
Entretanto,nos últimos anos esse simbolismo ganhou contornos de disputa política, transformando a data que deveria ser de celebração em um campo de polarização.
As ruas que antes recebiam desfiles cívicos e apresentações militares, hoje também se tornam palcos de manifestações ideológicas.
Para uma parcela da sociedade, o 7 de Setembro representa a oportunidade de revalidar a proteção da nação, a democracia e a soberania do país. Para outros, entretanto, tornou-se um símbolo de apropriação política e de tensionamento entre grupos que já não conseguem se comunicar.
A realidade é que a representação da independência foi apropriada pelo contexto de polarização. A bandeira do Brasil, que antes simbolizava um sentimento de união, agora têm interpretações variadas, dependendo de quem a segura. O que deveria unir o país se transformou em indicador de divisão.
O dia 7 de Setembro, em vez de ser apenas uma lembrança da independência, transformou-se também em um reflexo das nossas divisões políticas e sociais. O perigo é que, ao se debater quem “detém” a data, o Brasil se desvie do que realmente deveria ser comemorado: a edificação de um futuro autônomo, democrático e diversificado.
Além de paradas, manifestações ou discursos acalorados, o Brasil deve recuperar a habilidade de ver sua independência como um objetivo coletivo. Somente dessa maneira o 7 de Setembro poderá voltar a ser símbolo de unidade e não de trincheira.