Em resposta ao iminente risco de colapso em sua área de mineração, a Braskem, por meio de sua controladora, a Novonor, anunciou um ambicioso projeto de transformação. A região afetada, que abrange os bairros de Mutange, Pinheiro, Bebedouro, Bom Parto e Farol, verá a transição da atividade de mineração para o desenvolvimento de uma floresta nativa.
Desde 2018, a área tem enfrentado problemas significativos, incluindo tremores de terra, rachaduras nas estruturas próximas às minas e, mais recentemente, afundamento do solo em Mutange. A decisão de converter o local em uma floresta surge como uma medida preventiva para evitar danos ambientais mais graves.
A Novonor enfatizou que o processo de regeneração da mata nativa será gradual, estendendo-se ao longo de algumas décadas. Um dos executivos da empresa expressou a visão de criar um grande parque público na área, mas ressaltou que isso só será viável daqui a 30 ou 40 anos, quando a floresta estiver completamente formada.
A empresa destaca que já fechou 99% dos acordos com os moradores afetados, proporcionando reassentamento para cerca de 55 mil pessoas, que ocupavam 18.995 imóveis nos bairros envolvidos. A Novonor destaca a importância de uma abordagem transparente e colaborativa para lidar com as questões sociais e de comunicação durante esse processo desafiador.
Os executivos da Novonor rejeitam comparações com eventos ambientais anteriores, enfatizando que a Braskem antecipou-se aos problemas. A empresa tomou medidas proativas, indenizando as famílias antes mesmo de ações judiciais serem instauradas e retirando os moradores da área afetada.
Segundo a Novonor, a mineração na região teve início em 1970, sob a estatal federal Salgema S.A., criada durante o regime militar. A privatização da empresa ocorreu posteriormente, com a Novonor e a Petrobras como seus principais acionistas. Os executivos destacam que, na época de sua instalação, a região industrial estava cercada por mata nativa, posteriormente sendo ocupada por moradias. Além das indenizações, a Braskem fechou um acordo de 1,7 bilhão de reais com a Prefeitura de Maceió para financiar a infraestrutura pública nos bairros, incluindo asfalto, calçadas e construções municipais.
A empresa reconhece a necessidade de enfrentar desafios não apenas em termos de compensação financeira, mas também na esfera da comunicação, buscando esclarecer a comunidade sobre o histórico e as medidas tomadas para garantir a segurança e a sustentabilidade da região afetada. Este é um passo significativo em direção à resolução de um problema complexo, e a Braskem se compromete a continuar colaborando com as partes interessadas para garantir uma transição suave e responsável para todos os envolvidos.
Fonte: Revista Veja – Hugo Marques