O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), voltou a criticar o reajuste de 2,91% nas tarifas de ônibus do Entorno do Distrito Federal, que entrou em vigor nesta terça-feira (23).
O governador classificou a medida como um retrocesso e acusou o governo federal de ignorar alternativas já apresentadas para conter os aumentos.
“Somos contra mais esse aumento na tarifa. O governo federal segue ignorando as soluções viáveis já apresentadas para conter a alta das tarifas e penaliza os trabalhadores da região”, afirmou Caiado, ao defender a criação de um consórcio entre os governos de Goiás, Distrito Federal e União para aprimorar o transporte coletivo na região.
Caiado também atacou a decisão da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), acusando-a de privilegiar o equilíbrio financeiro dos contratos com as empresas em detrimento dos usuários. “Nossos esforços em Goiás e no Distrito Federal para buscar uma solução permanente e mais justa foram simplesmente desconsiderados”, disse.
O governador ressaltou que Goiás e o DF já assinaram um protocolo de intenções para a criação do consórcio, com gestão compartilhada e investimentos conjuntos, a fim de reduzir os custos da passagem. Ele citou a experiência de Goiânia, onde a tarifa está congelada em R$ 4,30 desde 2019.
“Seguimos renovando a frota, com veículos elétricos confortáveis, reformando terminais e implantando novas tecnologias para melhorar a experiência do usuário. Queremos que esses benefícios também cheguem ao Entorno do DF”, declarou.
Negativa da União
Segundo Caiado, a proposta do consórcio foi apresentada em fevereiro, mas só recebeu resposta formal do governo federal em agosto — após sete meses de espera.
Na ocasião, os governadores solicitaram um prazo de 90 dias para suspender o reajuste e viabilizar a transição técnica, além de definir o aporte orçamentário. A ANTT, no entanto, concedeu apenas 30 dias, decisão considerada insuficiente pelos governos de Goiás e do Distrito Federal.
Além disso, o Ministério dos Transportes vetou a participação e o financiamento da União no consórcio, mesmo tendo contribuído para a elaboração do plano original. A ANTT também recusou integrar a estrutura, o que obrigou os governos estaduais a redesenhar o modelo.
Em ofício enviado à agência, Caiado e o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), apontaram contradições na posição do governo federal e reiteraram que a União tem responsabilidade constitucional na regulação e gestão do transporte semiurbano interestadual.
Para os governos locais, a saída é adotar um modelo de gestão compartilhada, que permita subsidiar parte das tarifas e, ao mesmo tempo, realizar investimentos estruturais no sistema.