Imagine percorrer as rodovias de Minas Gerais e saber que, por trás de cada quilômetro, há tecnologia de ponta trabalhando para garantir sua segurança. A cena, que até pouco tempo parecia distante, agora é realidade. O Governo de Minas deu um passo à frente ao incorporar a inteligência artificial no monitoramento da malha rodoviária estadual — uma iniciativa pioneira no Brasil.
A novidade, colocada em prática neste mês, é fruto de uma parceria entre a Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra), o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-MG) e o Laboratório de Transportes e Logística (LabTrans) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O objetivo é simples, mas poderoso: garantir mais eficiência na conservação e manutenção das estradas mineiras, por meio de análises mais rápidas, detalhadas e precisas.
Tradicionalmente, o monitoramento das condições das rodovias era feito de forma manual — uma rotina que envolvia observações humanas, anotações em campo e bastante tempo. Agora, com o uso da IA, um novo modelo entra em cena: veículos equipados com câmeras de alta resolução percorrem os trechos rodoviários registrando imagens detalhadas, que são processadas por um software capaz de identificar, classificar e mapear tudo o que vê.
São dez carros inteligentes encarregados de monitorar cerca de 20 mil quilômetros de estradas sob responsabilidade do DER-MG. O investimento é de aproximadamente R$ 5 milhões, e os dados coletados vão alimentar o Índice de Condição da Manutenção (ICM), ferramenta que serve como bússola para orientar as futuras ações de conservação e investimentos em infraestrutura.
Mais do que detectar buracos e falhas no asfalto, a IA enxerga muito além: sinalizações, drenagens, defeitos estruturais e até detalhes que olhos humanos poderiam deixar passar. A partir disso, são gerados arquivos georreferenciados que ajudam no planejamento de obras, análises de segurança viária e gestão do pavimento — tudo com base em dados concretos.
A capacitação das equipes já começou. No último dia 22 de maio, técnicos do DER-MG estiveram na MG-030, estrada que liga Belo Horizonte a Nova Lima, para o primeiro treinamento prático de campo. À tarde, aprenderam a operar o software que processará os dados. Segundo o professor Jorge Destri Júnior, pesquisador da UFSC e um dos responsáveis pelo projeto, a tecnologia não apenas detecta problemas — ela ajuda a preveni-los.
Além das rodovias públicas, o sistema também será usado no monitoramento de trechos concedidos à iniciativa privada, oferecendo uma base sólida para avaliação dos contratos e cumprimento das obrigações previstas.
No fim das contas, essa é uma revolução silenciosa, mas impactante. Ao colocar a tecnologia a serviço da gestão pública, Minas Gerais mostra que cuidar de estradas é, também, cuidar das pessoas. Estradas bem mantidas significam mais segurança, menos acidentes, economia no transporte de bens e, acima de tudo, respeito a quem vive, trabalha e viaja pelo estado.
Em tempos em que tanto se discute a aplicação prática da inteligência artificial no cotidiano, Minas mostra que o futuro já começou — e ele passa pelo asfalto.
